Terceira obra da série baseada no Teatro Brasileiro de Comédia. Cada quadro retrata ao menos uma atriz, um diretor e uma peça.
Cacilda Becker interpretou Margarida Gauthier na peça A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, dirigida por Luciano Salce em 1951. A montagem contava com figurinos e cenários suntuosos criados por Aldo Calvo.
Artistas que decidem trabalhar com a história de Dumas Filho frequentemente optam por focar no assunto da cortesã e dos bons costumes. Mas no meu caso, outro assunto me chamou a atenção ainda mais: a personagem na peça sofre de tuberculose, uma doença que anda ligada à história da minha família materna. Meu bisavô teve um sanatório para tuberculosos em Trieste, na Itália, que ele teve que vender muito barato por causa da Segunda Guerra, antes de vir para o Brasil. Sua neta, minha mãe, interessou-se pela história e seguiu a carreira médica, tornando-se uma pesquisadora muito importante da doença, que segundo ela mata anualmente mais do que a AIDS, mesmo tendo cura.
Desta vez, os trechos do programa ganharam outros companheiros: imagens do sanatório de meu bisavô e de culturas do bacilo da tuberculose que pedi à minha mãe. A técnica de transferência também ganhou outro experimento: um novo processo de transferência que não usava solventes e que não me deixou totalmente satisfeito, mas valeu pela experiência.
O quadro é rodeado por quatro flores que, nas minhas pesquisas da história, apareceram relacionadas à personagem: a camélias que dá o título ao romance, a rosa no nome da verdadeira cortesã que inspirou Dumas Filho, a margarida no nome da personagem fictícia e a violeta no nome que a personagem ganhou na adaptação para a ópera de Verdi.
A Dama das Camélias - Cacilda Becker
Março 2010
Óleo e transferência sobre tela
100 x 80 cm
Clique para ver detalhes das transferências:
Comments